52% da população carcerária respondem por tráfico de drogas
Segundo o secretario de segurança, Robert Rios, esse é um problema global, e nenhum país até hoje foi vitorioso nesta luta.
“O país que colocou a pena de morte, não diminuiu o índice de usuários de droga. O país que liberou o uso, também não diminuiu o índice. No nosso caso, a polícia nunca prendeu tanto traficante. Quando mais repressão, mais cresce o uso do entorpecente. Então todos os países falharam”, contou Robert Rios.
O secretario de segurança enfatizou que a repressão utilizada pela polícia como forma de combater o uso e o trafico de drogas não resolveu o problema. De acordo com ele, única solução está na educação. “Não vejo outra saída além do investimento na educação. Estão errando em investir apenas na repressão, em vez de investir na recuperação e na educação de nossos jovens”, completou.
O fundador da Fazenda da Paz, Célio Luiz Barboza, concordou com o discurso de Robert Rios. Para ele, esse trabalho não é apenas da justiça, mas sim de toda a sociedade. Célio afirma que a solução está no tratamento.
“Infelizmente o dependente químico está cada vez mais se envolvendo em crimes, o que faz com que aumente esse índice nas penitenciárias. Nós estamos sempre acompanhando esse trabalho e indo atrás de trazer esses dependentes para o tratamento. Eu acredito que esse trabalho não faz parte apenas da justiça, mas também de toda a sociedade. A lei e a sociedade trabalham juntos nesta luta”, afirmou Célio Luiz Barboza.
A pesquisa feita pelo CNJ é inédita no estado, e se concentrou no estudo dos dados dos processos em tramitação na 7ª Vara Criminal da Capital. Segundo o juiz da 7ª vara criminal de Teresina, Almir Abib Tajra Filho, mensalmente chega entre 60 a 80 processos novos relacionados ao trafico de drogas.
“Esse numero é muito alto e preocupante, e é necessária uma vara criminal exclusiva para receber apenas esses processos sobre o trafico de drogas. Teresina é a única capital do país que ainda não tem uma vara exclusiva para isso. A corregedoria cochilou nesse ponto”, informou Almir Filho.
Dados:
Os dados foram apresentados pelo sociólogo Willame Carvalho da Silva. A coleta dos documentos durou cerca de três meses, período entre Junho e Setembro deste ano. Já os processos pesquisados representam o período entre 20 de abril de 2012 até 14 de fevereiro de 2013.
De acordo com o levantamento, tanto a população masculina, quando a feminina, estão predominando nas prisões envolvendo tráfico de drogas. Os tipos de delitos da população carcerária masculina no Piauí representam 24% do total. Já a feminina, representa 59% do total.
Em relação à escolaridade dos presos por tráfico, outro ponto bastante discutido na audiência, a maioria tem apenas formação até o ensino fundamental, completo ou incompleto. “O levantamento prova que a educação é precária. 62% dos presos por tráfico tem apenas formação até o ensino fundamental”, anunciou o sociólogo Willame Carvalho da Silva.
As drogas mais predominantes na pesquisa são o Crack, com 61%, seguido da cocaína com 25% e da maconha com 11%. A pesquisa revela que as maiorias das prisões foram feitas dentro de casa, com 88,46%. A maior parte dos traficantes (83%) portavam armas durante a prisão.
O levantamento mapeou também os bairros onde se concentram a maior parte das moradias destes traficantes. Segundo a pesquisa, os presos moravam principalmente na área do grande Dirceu, com 6,02%, seguido do bairro São Joaquim (4,82%), Primavera (4,02%) e Santo Antônio (4,02%).
Portalaz.com
Edição: Proparnaiba.com
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